Por Paulo Francisco Martos

Diz o Catecismo que “o Decálogo contém uma expressão privilegiada da ‘lei natural’.” Devido aos pecados cometidos, os homens ficaram com a luz da razão obscurecida. Deus, então, revelou os Dez Mandamentos para dar-lhes o conhecimento completo das exigências da lei natural.

Explica o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que “a Lei imposta por Deus é bela e ordenada. Ela compreende dois grupos de Mandamentos: os que dizem respeito ao relacionamento do homem com Deus e os que tratam das relações dos homens entre si. Três Mandamentos pertencem ao primeiro grupo, sete ao segundo”.

Por isso, os Dez Mandamentos foram gravados em duas tábuas. Entretanto, formam um todo inseparável e, transgredir um deles, é infringir todos os outros, pois são essencialmente imutáveis.

Tendo esse fundo de quadro vemos que Deus dispôs na relação desse preceitos  um foco para a pratica constante e fiel de todos eles. Como assim? Explico-me a seguir.

O primeiro Mandamento é o mais importante e sintetiza os outros. O verdadeiro amor não é uma questão de sentimento; dar primazia ao sentir significa sentimentalismo, principal ingrediente do romantismo. Amar é fundamentalmente um ato da vontade, que significa querer bem. E quem realmente ama a Deus deseja que Ele seja glorificado e obedecido por toda a Humanidade.

Vemos assim como o egoísmo é o principal inimigo do amor a Deus. Quem realmente pratica o primeiro Mandamento coloca a Deus no centro de tudo quanto pensa, quer ou faz; e quem se põe no centro caminha para a adoração de si mesmo, a egolatria.

Conforme afirmou Nosso Senhor Jesus Cristo, os Mandamentos se resumem nestes dois: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (cf. Mc 12, 30-31). Se o modelo do amor ao próximo é o amor a si mesmo, resulta que este último é bom.

O reto amor a nós mesmos consiste em querer o bem de nossa alma e nosso corpo, visando nossa santificação para a maior glória de Deus. É exatamente isso que devemos desejar para nosso próximo, ou seja, seu bem espiritual e material, tendo em vista sua salvação eterna.

Precisamos amar o próximo não por humanitarismo, mas por amor a Deus, para praticarmos a virtude teologal da caridade, a qual assim se define: “virtude pela qual Deus é amado por causa de sua infinita perfeição e o próximo é amado por amor a Deus”.

E quem ama a Deus, ama a Igreja Católica Apostólica Romana, a qual é o Corpo Místico de Cristo; reza, sacrifica-se, luta para que ela seja exaltada. Com essa impostação rezemos para que Nossa Senhora nos conceda a graça de aumentar nosso amor a Deus e a sua Santa Igreja, bem como ao próximo por amor a Deus.