Esta seção — Enormes minúcias — nasceu de uma conversa com o Mons. João Clá, EP, Fundador e Superior Geral dos Arautos do Evangelho.

Dizia-nos Mons. João que a Igreja Católica é uma obra-prima de Deus, e quando, por assim dizer, a nossa mão tocar em algo da Igreja osculemos aquilo pois certamente é mais uma maravilha.

Essa atenção amorosa muitas vezes é atrapalhada

pelo corre-corre da vida cotidiana. A quantidade de informações, imagens, etc. impede-nos qualquer julgamento sensatos. Na opinião de abalizados analistas, esse fatores são altamente despersonalizantes, tornando-nos passivos.

Caso não tenhamos o devido amor pelas coisas dignas dele, tal situação pode levar a, por exemplo, participarmos de um dever sagrado como é a Missa dominical e não darmos a devida importância.

Um fato concreto, pode servir de ilustração.

No sermão breve mas muito objetivo, um zeloso sacerdote mostrava o divino equilíbrio nas palavras do Evangelho. Comentava a instituição do Papa por Jesus, “Pedro tu é pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, a previsão da Paixão e a atitude de São Pedro (Mt 16, 13-23).

Frisava o sacerdote: o Divino Espírito Santo, verdadeiro autor das escrituras, põe no texto sagrado uma expressão que pode passar despercebida.

“Tu é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”

Tu és Cristo, o Filho de Deus

São Pedro reconhece que Jesus é o Messias prometido e recebe do Mestre a investudura como Papa, “a pedra sobre a qual edificará a sua Igreja”.

Após Nosso Senhor afirmar que seria entregue e sofreria a Paixão, qual a primeira atitude tomada por São Pedro? “Tomando Jesus à parte, repreende-O” determinando a célebre resposta do Divino Redentor: “Afasta-te de mim satanás”.

Ou seja, pouco antes Jesus constitui São Pedro como seu Vigário na Terra; pouco depois trata-o como “satanás”. Por que atitudes tão diversas d’Aquele que é a própria Verdade?

O zeloso sacerdote chamava a atenção para a expressão, por assim dizer, “perdida” entre afirmações tão diversas: “tomando Jesus à parte”.

Os teólogos baseiam-se nessa expressão para indicar quando o Papa é infalível e quando não é. Entre outras condições, para ser infalível, o Papa precisa dirigir-se à Igreja universal. Numa opinião particular, numa atitude numa declaração, não dirigida a toda Igreja, o Papa pode enganar-se.

O Divino Espírito Santo quis que as duas coisas estivessem bem juntas no Evangelho: a instituição do Papado por Jesus e o primeiro ato de São Pedro “tomando Jesus à parte”.

Numa expressão, dir-se-ia, “de passagem”, lembramo-nos que cada palavra do Evangelho — e de toda a Escritura — é ditada pelo Espírito Santo.

Como a Igreja, o Evangelho é todo feito de maravilhas: numa simples palavra, numa rápida expressão, pode estar contido um profundo e esclarecedor ensinamento válido para todos os tempos: “passarão os Céus e a terra, mas minhas palavras jamais” (Mt 24, 35).

A Igreja é como um magnífico manto real: de cada “pequena” pedra preciosa saem raios de luz.