Nos trechos bíblicos não encontramos os detalhes do ocorrido entre a anunciação do Anjo a Maria e o nascimento de Jesus. Porém, sem grandes conhecimentos teológicos, podemos imaginar os nove meses em que a Virgem sem mancha carregou o Filho de Deus em seu abençoado ventre.

No Magnificat, Maria expressa de forma sublime o amor e a doçura de suas ações de graça ao seu Senhor — agora seu Filho! —, pois, de humilde serva passou a viver em comunhão permanente com o próprio Verbo Divino.

A pureza imaculada da Virgem Maria e sua altíssima santidade, eram patentes aos olhos de São José. Diante da evidência de que sua Esposa esperava um filho, em nenhum momento, porém, duvidou da inocência dela. Por seu lado, Maria, em sua humildade, não revelou ao seu castíssimo esposo a origem divina da concepção de Jesus.

José resolve então — e com que saudades! — deixar a sua Esposa, para não violar a Lei, pois esta o obrigava a denunciá-la. Tinha absoluta certeza da inocência e santidade de Maria.

O que fazer, então?

Anjo aparece em sonho a
São José

A Providência não desamparou nem a inocência de Maria, nem o zelo pela Lei de São José. Como este resolvesse abandoná-la em silêncio, na noite antecedente à sua partida, um Anjo aparece-lhe em sonho: “José, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo”. Cessou assim a perplexidade daquele a quem Deus feito homem haveria de chamar de pai.

O convívio espiritual de Maria com Deus já era grandioso antes, mas com Jesus em seu ventre, Maria cresceu ainda mais em plenitude de graça.

Alguém poderia pensar: se Nossa Senhora já tinha a plenitude de graças, como pôde aumentar?

O Mons. João Clá, fundador dos Arautos do Evangelho, nos explica: Poderíamos comparar Maria Santíssima em sua plenitude de graças — o Anjo a saudara “Ave cheia de graça” — com um cálice esplendoroso, no qual não cabe sequer mais uma gota de graça; mas Deus pôde — e fez — com que este cálice aumentasse de tamanho para permitir conceder-lhe mais graças, uma nova plenitude. Maria foi assim, de plenitude em plenitude até sua Assunção aos Céus.

Por isso, recebeu ela durante a formação do corpo de Jesus, uma nova plenitude de graças. E Jesus retribuía: a cada elemento fornecido por ela para a formação de seu Corpo, concedia-lhe graças de uma elevação altíssima e uma união cada vez maior, chegando Maria ao ápice de contemplação, adoração, amor, e humildade.

Era uma comunhão e êxtase perpetuados. Algo grandioso e extraordinário!!! Estavam contidas nela a Vontade de Deus Pai, a encarnação do Filho, a ação sumamente santificadora do Espírito Santo… e a cooperação fidelíssima da Virgem-Mãe.

“Maria, porém guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração” (Lc 2,19).

O que Maria meditava em seu coração? O que Ela dizia ao seu amado Filho desde o primeiro momento que O sentiu em seu seio virginal? O que deve ter sido esse convívio tão íntimo entre mãe e Filho, enquanto O gerava?

Qual deve ter sido a primeira troca de olhares, ao tê-lO nos braços na gruta em Belém?

Lembremos à nossa querida Mãe estes momentos tão sublimes e tão saudosos para Ela. E peçamos-lhe, em nossas Comunhões Eucarísticas, participarmos de algum modo deste sagrado convívio e das graças recebidas por Ela durante estes nove meses. Meses em que, não só foi um Sacrário vivo, mas esteve em plenitude de união, Comunhão e Adoração para com Deus.