Nossa Senhora da Fé
Catedral-Basílica de Salvador

Sábado Santo. O que se passou no sábado, após a morte de Jesus?

Correu-se a laje do Sepulcro. Parece tudo acabado. Jesus está morto, os Apóstolos fugiram. Entretanto, numa alma, num coração, Jesus está vivo mais do que nunca: Maria Santíssima guardava em seu Coração a certeza de que Jesus ressuscitaria como prometera. Em nenhum momento essa fé vacilou; pelo contrário, à medida que o sábado avançava, sua alegria aumentava. Aproximava-se a hora da Ressurreição!

Neste intervalo, que vai do momento da morte ao da Ressurreição de Jesus, a fé de toda a Igreja se concentrava em Maria Santíssima. Ela, sem a mais leve sombra de dúvida, acreditava plenamente que seu Divino Filho ressuscitaria. Por isso, um dos títulos que a Santa Igreja dá a Maria nesta data é “Nossa Senhora da Fé”.

Nossa Senhora da Soledade

No seu sublime equilíbrio, entretanto, a Igreja dá a Ela um outro título. É o extremo oposto e harmônico: Nossa Senhora da Soledade. E não há contradição: a mesma Mãe que acreditava, tinha saudades — e que saudades! — do Filho. “Soledade” é a forma antiga de “Solidão”, que atualmente só é usada para exprimir essa dor profunda de Maria Santíssima. Pela primeira vez desde a Anunciação, Nossa Senhora está só, sem seu amado Filho. Mesmo quando Ele exercia sua missão pública, fisicamente longe de Nossa Senhora, Ela o procurava com o Coração. E o encontrava.

Voltemos hoje mais especialmente nossa atenção para Maria como “Nossa Senhora da Fé”.

Como vimos, toda a Fé se concentrava no seu Imaculado Coração. Toda esperança e toda a confiança de que Jesus ressuscitaria está neste Coração. Deus Pai guardou neste Coração tão amado, como num porta-joias os tesouros de todo o futuro: a Fé na Ressurreição, fundamento de toda a Fé; a certeza de que a Igreja cresceria e que dia haveria de vir em que haverá “um só rebanho e um só pastor”; e de que Jesus estaria conosco “até a consumação dos séculos”. Os teólogos costumam dizer que neste dia trágico, a Igreja toda se resumia a Maria. Como Ela conteve em si o Salvador, desde a Anunciação até o Nascimento de Jesus, agora Ela continha a Igreja.

Peçamos a Nossa Senhora — esse sublime porta-joias de Deus — que não só preserve, mas aumente em nós a Fé. A fé de que a Santa Igreja triunfará, mesmo ante evidências em contrário. A confiança, derivada da Fé, de que Maria Santíssima sempre nos ajudará a crer nas palavras do Fundador da Igreja: “as forças do inferno não prevalecerão contra Ela”.