Oração e agonia de Jesus no Horto das Oliveiras

Sexta-feira Santa: Paixão e morte de Jesus (*)

Os inimigos de Jesus — o Sinédrio, os fariseus, os doutores da Lei — tinham seus planos. Pretendiam prender e matar Jesus após a Páscoa, quando a maioria da multidão que acreditava em Jesus tivesse retornado às suas cidades e os remanescentes às suas ocupações habituais.

Porém os decretos divinos estabeleciam de modo diferente: Jesus se deixaria prender e matar quando a ocasião fosse aquela estabelecida pela vontade onipotente do Pai e sua. Morreria quando e como quisesse. Por isso dissera aos que O foram prender: “ Todos os dias estava Eu no Templo, no meio de vós: por que não pudestes prender-me? Porque a hora estabelecida por meu Pai não tinha chegado”.

Devia Jesus, substituir a figura do cordeiro pascal, morrendo Ele, o Cordeiro de Deus, durante a Páscoa. Assim como substituíra a figura do cordeiro, substituiria para todo o sempre o que a passagem do Mar Vermelho prefigurava: a passagem da escravidão do pecado para a liberdade da Graça.

Jesus é preso no Horto das Oliveiras

Por três vezes fizera cair por terra a tropa que o devia prender, com a simples menção “Sou eu”. Só levantaram quando Ele ordenou, só o manietaram quando Ele permitiu. Era a sua vontade onipotente que decidia. Com isso queria deixar claro a todos nós redimidos por seu Sangue, que Ele morria porque queria, quando queria e como queria.

Sucedem-se as atrocidades contra Ele: as injúrias, a flagelação, a coração de espinhos, o escolherem Barrabás — assassino notório — e não Ele, a própria Inocência que “passara fazendo o bem”. Deixou isto bem claro quando perguntou aos algozes: “por qual das obras boas que fiz me golpeais?”

Levado de um para outro “juiz”, a todos deixou claro sua inocência. Pilatos, a autoridade que podia condenar alguém à morte, não o fez. Limitou-se a dizer que o próprio Sinédrio executasse a sentença de morte que lançara contra Jesus. E, para deixar bem claro que não condenara, lavou teatralmente as mãos. Como autoridade máxima autorizou aos judeus: “fazei como quereis”.

Jesus diante de Pilatos

Contraditoriamente, Pilatos o mandou açoitar pois “não via nEle nenhuma culpa”. Contradição dos covardes: se era culpado de sedição contra César — como queriam os judeus — por que não o condenou? Se era inocente — com dissera Pilatos — por que flagelá-lO?

Vem depois toda a via dolorosa até o Calvário. Depois de flagelado, esbofeteado, de terem escarrado sobre Ele, carrega a Cruz às costas… que eram já uma só chaga. Passa pela vergonha da nudez, é pregado brutalmente à Cruz entre dois ladrões. Agoniza por três horas, entre dores inenarráveis. E… continua fazendo o bem: perdoa os executantes da sentença injusta, consola as filhas de Jerusalém, perdoa o Bom Ladrão e dá-nos por Mãe a própria Mãe. Morre num aparente abandono para, por seus méritos, jamais nos abandonar nas nossas necessidades.

O véu do Templo se rasgou

Morre. As trevas tomam conta do céu, um tremor de terra abala Jerusalém, o véu do templo se rasga deixando ver a arca da Aliança. É que o período da Lei passara, começava agora a era da Graça. A Sinagoga morrera, nascera a Igreja Católica.

(*) Baseado em Pe. Agostin Berthe, “Jesus Cristo – Vida, Paixão e Triunfo”, Ed. Civilização, Porto, 2000

Arautos do Evangelho no Vaticano