Aristóteles afirma: “A amizade perfeita apenas pode existir entre os bons.” Pois então completo o pensamento dele: a amizade perfeita pode existir apenas entre pessoas que tenham a mesma fé! E que divisor de águas não é o santo Rosário? Quantos amigos se aproximam por conta de sua recitação e quantos inimigos que por ódio ou inveja (inveja muitas vezes de graças alcançadas) nos caluniam e nos perseguem? Mas não vamos falar disso agora, mas vamos sim falar de maravilhas…

Roma Italy Sao DomingosMaravilhas do Rosário

Não é possível expressar quanto estima a Santíssima Virgem o Rosário sobre todas as demais devoções e quão magnânima é em recompensar àqueles que trabalham para divulgá-lo, estabelecê-lo e cultivá-lo e quão terrível é, pelo contrário, com aqueles que querem fazer-lhe oposição.

São Domingos em nada colocou, durante sua vida, tanto entusiasmo como em louvar a Santíssima Virgem, pregar suas grandezas e animar a todos a honrá-la por meio do Rosário. Esta poderosa Rainha do Céu, por sua vez, não cessou de derramar sobre São Domingos bênçãos às mãos cheias; coroou seus trabalhos com mil prodígios e milagres; nada pediu este a Deus que não obtivesse pela intercessão da Santíssima Virgem, e, para cúmulo de favores, Ela o fez vitorioso contra a heresia dos albigenses e o tornou Pai e Patriarca de uma grande Ordem.

Que diria eu do Bem-aventurado Alain de Ia Roche, restaurador desta devoção? A Santíssima Virgem honrou-o várias vezes com sua visita para instruí-lo sobre os meios de conseguir sua salvação, fazer-se bom sacerdote, perfeito religioso e imitador de Jesus Cristo. Durante as tentações e perseguições horríveis dos demônios, que o reduziam a uma extrema tristeza e quase ao desespero, o consolava e dissipava com sua doce presença todas estas nuvens e trevas. Ela lhe ensinou o modo de rezar o Rosário, suas excelências e seus frutos.

 “Eu te defenderei contra todos os teus inimigos”

O demônio, invejoso dos grandes frutos que o Bem-aventurado Tomás de São João, célebre pregador do santo Rosário, conseguia com esta prática, reduziu-o, por meio de maus tratos, ao estado de uma longa e penosa enfermidade, na qual foi desenganado pelos médicos. Uma noite em que ele se cria infalivelmente a ponto de morrer, lhe apareceu o demônio em espantosa figura, elevando ele devotamente os olhos e o coração para uma imagem da Santíssima Virgem que havia perto de sua cama, gritou com todas as suas forças: “Ajudai-me, socorrei-me, minha dulcíssima Mãe!” Mal pronunciou estas palavras, a imagem lhe estendeu a mão e lhe apertou o braço, dizendo-lhe: “Não temas, Tomás, meu filho; eu te auxilio; levanta-te e continua a pregar a devoção a Meu Rosário como havias começado. Eu te defenderei contra todos os teus inimigos”. Com estas palavras da Santíssima Virgem fugiu o demônio.

“Oh! bendito Rosário da Santíssima Virgem, por ele é que fui livre da condenação eterna”

A Santíssima Virgem não favorece somente aos pregadores do Rosário; também recompensa gloriosamente àqueles que por seu exemplo atraem outros para esta devoção. Desejando que todos os seus servidores honrassem a Santíssima Virgem com o santo Rosário e para animá-los com seu exemplo, ocorreu a Afonso IX, Rei de León e Galícia, portar ostensivamente um grande Rosário, ainda que sem rezá-la, o que bastou para obrigar a todos os seus cortezões a rezá-lo devotamente.

O rei caiu gravemente enfermo, e quando creram que estava morto foi transportado em espírito ao tribunal de Jesus Cristo; viu ali os demônios que o acusavam de todos os crimes que havia cometido, e quando ia condenar-se às penas eternas apresentou-se a se favor a Santíssima Virgem diante de seu Divino Filho; trouxe-se então uma balança, colocaram-se todos os pecados do Rei em um dos pratos e a Santíssima Virgem colocou no outro o grande Rosário que ele havia levado em sua honra, juntamente com os que, graças a seu exemplo, haviam rezado outras pessoas, e que pesavam mais que todos seu: pecados. E depois, olhando-o com olhos compassivos, disse: “Obtive de Meu Filho, como recompensa do pequeno serviço que Me fizestes levando o Rosário, a prolongação de tu; vida por uns anos. Empregai-os bem e fazei penitência”.

O Rei, voltando a si de seu êxtase, exclamou: “Oh! bendito Rosário da Santíssima
Virgem, por ele é que fui livre da condenação eterna”. Depois que recobrou a saúde, passou o resto de sua vida com grande devoção ao santo Rosário e o rezou todos os dias.

Deus castiga terrivelmente dois pregadores inimigos do Rosário

O douto Cartagena, da Ordem de São Francisco, com outros autores narram que no ano 1482, quando o venerável Pe. Diego Sprenger e seus religiosos trabalhavam com grande zelo para restabelecer a devoção e a Confraria do Santo Rosário na cidade de Colônia, dois famosos pregadores, invejosos dos grandes frutos que os primeiros obtinham com esta prática, trataram de desacreditá-la em seus sermões, e, como tinham grande talento e oratória, dissuadiram .a muitas pessoas de se inscreverem-na mencionada Confraria.

Um destes pregadores, para melhor conseguir seu pernicioso intento, preparou expressamente um sermão de domingo. Chegou a hora, e o pregador não aparecia; esperaram, procuraram e por fim o encontraram morto, sem ter sido auxiliado por ninguém.

Persuadido o outro pregador de que este acidente era natural, resolveu supri-lo para abolir a Confraria do Rosário. O dia e a hora do sermão chegaram, e Deus castigou o pregador com uma paralisia que lhe tirou o movimento e a palavra. Então reconheceu sua falta e a de seu companheiro, recorreu com o coração à Santíssima Virgem, prometendo-lhe pregar por todas as partes o Rosário com tanto brio quanto o havia combatido; e rogando-lhe que lhe devolvesse para isto a saúde e a palavra, alcançou-o da Santíssima Virgem, e encontrando-se subitamente curado se levantou, como outro Saulo, mudado de perseguidor em defensor do santo Rosário. Fez pública reparação de sua falta e pregou com muito zelo e eloqüência as excelências do santo Rosário.