Antífona de 23 de Dezembro: Sigamos o exemplo dos Reis Magos

O Emmanuel, Rex et legifer noster, exspectatio gentium et Salvator earum: veni ad salvandum nos, Domine Deus noster

 (Ó Emanuel, nosso rei e legislador, esperança e salvador das nações, vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus.)

Os rei não se limitaram a descobrir a cabeça ou a dobrar o joelho, mas prostraram-se (cf. Mt2,11), de onde se vê que o fizeram porque estavam na presença de Deus. Adorar e lançar-se ao chão, isto é, reconhecer-se um punhado de terra e um nada diante de Deus. Se o Menino fosse somente rei, entre reis e reis bastaria que estes se descobrissem; mas se se prostraram no chão, foi porque viram no Menino o próprio Deus.

As vezes passamos pelo sacrário tão indiferentes que nem sequer inclinamos a cabeça.

A Soror Josefa Menendez o Sagrado Coração dizia: “Quero revelar-lhes quanta amargura encheu meu Coração no momento da Ceia. Porque se era grande a minha alegria de Me tornar o Companheiro e o Alimento divino dos homens até a consumação dos séculos, e se via quantos Me cercariam de adoração, reparação e amor…. não foi menor a minha tristeza ao ver tantos outros que Me abandonariam no Tabernáculo, ou não acreditariam na minha presença real!

   Os Reis magos adoram o Menino de modo tão verdadeiro que penso que lhe terão beijado os pés. Abrem os seus tesouros, pois muito dá quem encontrou o Menino. Dirigem-se às suas arcas e, abertos os seus tesouros e não só as seus bolsas, oferecem-lhe cada um deles muito ouro, muita mirra e muito incenso.

Devemos oferecer nossos tesouros  

   E vós, que ofereceis a Deus? – “Mas eu nada tenho”. Abre-lhe o teu  coração, e estará aberto o tesouro com que Ele mais se alegra. Deus já abriu as suas entranhas e o seu coração. Por aquela abertura do seu lado podes ver o seu coração e o amor que encerra. Abre-lhe o teu, não o deixes fechado. Detém-te a pensar: “Senhor, tens o coração aberto e transpassado por mim, e eu não Te amarei? Abriste-me o teu coração, e eu não Te abrirei o meu? No meu coração, Senhor, estão as tuas oferendas; se Te der desse coração, terei feito a minha oferenda”.

   Vale mais diante de Deus um pedacinho de coração do que muitas oferendas sem coração. Dá-lhe um pedacinho do teu coração e ter-lhe-ás oferecido muito ouro. Certo eremita perguntou a um ancião: – “Por que, fazendo tu menos jejum, menos oração e penitência do que eu faço, és mais santo do que eu?” E ele respondeu: “Porque amo mais do que tu. Oferece ouro a Deus aquele lhe oferece amor”.

– “Mas eu tenho pouco amor”. Então reza muito. Não tens ouro? Oferece incenso. – “E o que é o incenso?” Oração. Disse Davi: A oração é incenso (cf Sl140,2), como o é o suspiro que sobe a Deus em perfume de suave odor. Reza a Deus, mas não para lhe pedir trigo: – “Senhor, como é possível que eu não Te ame, não Te tema, não Te sirva?” Reconhece que és miserável e aproxima-te do presépio pedindo esmola. Se não tens ouro, oferece o incenso da oração. A casa daquele que não ora tem um cheiro horrível.

   – “Mas eu não tenho ouro nem incenso”. então oferece mirra.  A mirra é o espírito de sacrifício e abnegação, até o mais íntimo de nós mesmo. Sofrer um pouco! Ele padeceu por ti desde pequenino. Mais lhe doeu sofre na cruz do que a ti sofrer o que agora sofres. Entrega pois o teu amor, envolve no osso duro e firme do propósito de nunca mais tornar a ofender a Deus, num propósito intocável. Só ama a Deus verdadeiramente aquele que lhe dá o seu coração, não guarda nada para si mesmo.

 

Para outros, a mirra será deixar de murmurar. Para outros ainda, abrir a bolsa e dar uma esmola. Oferece isso a Deus e terás oferecido um touro. Oferece a Deus um touro quem lhe oferece algo que muito lhe doi.

   Oferece mirra amarga quem faz por Deus aquilo que o amargura. E se lhe ofereceres isso, Ele é tão bom que te dará incenso e ouro, a fim de que tenhas alguma coisa que oferecer-lhe, e dar-te-á aqui a sua graça e depois a sua glória, à qual lhe pedimos que nos conduza. Amém.

Um Santo e abençoado Natal!