Existe o exorcismo clássico, aquele que o mundo inteiro está redescobrindo com alegria no ministério de um número crescente de clérigos, aos quais Deus suscita na luta contra Satanás e suas maléficas ações de tentação, obsessão e possessão.
No entanto, existe outro ‘exorcismo’, o da admiração, que exorciza entre outros o tédio de umas vidas impregnadas de egoísmo, que torna o panorama triste, chato, cinzento.
Dizia uma antiga aluna de Plinio Corrêa de Oliveira que foi visitar o Velho Continente movida em grande medida pelas fantásticas descrições que fazia seu professor em aula, das maravilhas que aí se encontrariam. E que, no entanto, quando foi visitá-las, estas lhe causaram uma certa decepção…
Ocorre que a admiração não somente está nas coisas admiráveis, mas sobretudo em um espírito admirativo. Então, quando o Dr. Plinio descrevia Chambord, ele descrevia o Castelo real, mas também cantava a sinfonia que ele havia composto em sua alma a partir dessa construção maravilhosa. E era muito provável que sua aluna viajante, que tinha admirado as descrições de Dr. Plinio, não teve ela mesma essa capacidade para encantar-se com Chambord.
Mas o requisito é não querer Chambord meramente para si, para que o admirem por ser dono de Chambord, ou para poder se alojar com todo conforto nos aposentos reais e ali ser atendido como rei; não. É admirar a Chambord porque é admirável, porque é magnífico, porque é forte mas às vezes leve, porque pode ser rude como pode ser gentil e até delicado, porque ao mesmo tempo que me acolhe com carinho quase materno me eleva a horizontes de grandeza, elegância e civilização, porque é um reflexo de Deus, Carinho Infinito, Força Infinita, Grandeza, Elegância e Civilização Infinitos.
E esse espírito admirativo, que temos que pedir a Deus, é exorcístico daquele tédio cinzento e deprimente que comumente habita no homem que somente vive para a satisfação de suas paixões e caprichos. Não há nada mais enfadonho que a vida dos homens e mulheres que só vivem para si, ainda que tenham a riqueza de um Onassis.
Contra o tédio do homem contemporâneo, receitamos, por exemplo, uma viagem por Chambord, seja física ou virtual. Uma viagem na qual sintamos a majestade de Chambord, tal majestade régia, verdadeiramente grande, que não é tímida nem envergonhada em manifestar sua grandeza, mas que a partir dela acolhe com um sorriso ao visitante.
Uma grandeza que é complexa, é rica e matizada, que sempre tem uma surpresa a dar-nos, uma surpresa que pode intimidar pelo gigante, por exemplo a da força das torres de pedra, mas que também nos arranca um sorriso quando nos toca com a delicadeza de um leve matiz, ou de uma assimetria, como as das torres de sua cúpula.
O que há no fundo dessa digressão é o esforço de admirar. Como dizia Plinio Corrêa de Oliveira, os séculos futuros serão de admiração, ou não serão. E eles o serão, com a graça de Deus!
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