Com certa frequência várias pessoas nos perguntam o significado do Hábito característico dos Arautos do Evangelho. Por que a cruz que levam ao peito, a corrente que cinge a cintura, as botas, o rosário que trazem pendente.

Para responder a estas perguntas fizemos o presente post.

Assim como o amor ao próximo se demonstra por ações exteriores, da mesma maneira a fé deve ser manifestada pelos atos, deve exteriorizar-se. Bem conscientes de que Jesus exige de seus discípulos uma atitude não restrita às aparências— como os fariseus hipócritas — estão bem cônscios de que devam manifestar publicamente sua fé como meio de evangelização.

Esta é a razão pela qual os Arautos do Evangelho procuram modelar todos aspectos de sua vida segundo o grande ideal ao qual se entregaram. Em nossa época tão frequentemente secularizada, entretanto a sensibilidade à linguagem dos símbolos permanece. O Hábito dos Arautos procura fazer visível a presença da Igreja por meio desse costume milenar.

ORIGEM DO HÁBITO

Hábito clerical (Presbíteros ou Diáconos)

Os Arautos do Evangelho têm seu nascedouro na Ordem Terceira do Carmo. Com o passar do tempo o Mons. João Clá, fundador, quis manter este liame, por isso o atual Hábito, especialmente o dos clérigos, tem a túnica marrom e um escapulário da mesma cor.

A túnica marrom, mais austera e sóbria, foi reservada aos clérigos (diáconos y presbíteros), enquanto os leigos consagrados usam a túnica branca-marfim. Os que começam sua experiência vocacional, usam o hábito de noviço: túnica y escapulário ocres. O Habito do setor feminino compõe-se de una túnica de color amarelo-ouro e o escapulário marrom.

O capuz, presente nos hábitos dos clérigos e leigos consagrados é o símbolo da vida contemplativa.

Hábito bege – Noviços e aspirantes

A grande cruz do escapulário é inspirada na Cruz de Santiago de Compostela: símbolo por excelência do peregrinar em busca da Pátria Celeste. A cruz original foi ligeiramente estilizada e à sua cor totalmente vermelha foi acrescentada a branca e o cordão dourado que as une.

O branco da cruz representa a pureza de doutrina e de costumes; o vermelho reflete o amor e o desejo da fidelidade levado até o holocausto, imagem do Preciosíssimo Sangue vertido por Jesus até a última gota. O dourado exprime a beleza e a excelência da santidade à qual todos batizados são chamados.

A corrente, que cinge a cintura, simboliza a verdadeira devoção à Nossa Senhora ensinada por São Luís Grignion de Monfort proposta como exemplo de submissão à vontade de Deus: “Eis a escrava do Senhor” (Lc 1, 38). São Luís nos convida a imitá-la consagrando-nos como “escravos de amor a Jesus, pelas mãos de Maria”. Aconselha levar uma corrente simbolizando esta devoção. (1)

Hábito do Setor Feminino

A oração é o meio infalível de obter de Deus as graças e dons desejados e o Rosário, inspirado pela própria Virgem a São Domingos de Gusmão e, em inúmeras ocasiones demonstrou sua eficácia. São Pio X o considerava como “a mais bela e a mais preciosa de todas orações”. Como fazem muitas Ordens Religiosas, os Arautos não somente levam o Rosário à cintura, mas o rezam diariamente.

O que mais suscita perguntas é, sem dúvida, o uso de botas. Este uso não se deve a nenhuma necessidade prática; elas representam o carácter missionário, que não conhece limites, nem obstáculos. Os Arautos têm muito presente a admoestação de São Paulo: “maldito seja se não anuncio o Evangelho” (1Cor 9, 16).

COOPERADORES

Os cooperadores (também chamados de terciários) são pessoa de ambos os sexos que, pelo fato de já constituírem família, terem obrigações profissionais, etc identificam-se com o carisma da obra e cooperam com os Arautos das formas mais variadas, sempre no sentido da evangelização

Como se pode ver, o Hábito proclama por meio de símbolos aquilo que se esforçam em ser: Arautos do Evangelho.

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(1) São Luís Maria Grignion de Montfort, “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”, Ed. Vozes, Petrópolis, 43ª edição)