É impossível não sentir profunda emoção ao contemplar alguma expressiva imagem da Mater Dolorosa e meditar estas palavras do Profeta Jeremias, que a piedade católica aplica à Mãe de Deus: “Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor semelhante à minha dor” (Lm 1, 12). A esta meditação nos convida a Liturgia no dia de hoje, dedicado a Nossa Senhora das Dores.

Antes de fazer parte da liturgia, as dores de Maria Santíssima foram objeto de particular devoção. Os primeiros traços deste piedosa devoção encontram-se nos escritos de Santo Anselmo e de muitos monges beneditinos e cistercienses, tendo nascido da meditação da passagem do Evangelho que nos mostra a dulcíssima Mãe de Deus e São João aos pés da Cruz do divino Salvador.

Foi a compaixão da Virgem Imaculada que alimentou a piedade dos fiéis. Assim, temos as sete horas (ou as Sete Dores de Maria), uma meditação das penas de Nossa Senhora, durante a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo:

Matinas – A prisão e os ultrajes
Prima – Jesus diante de Pilatos
Terça – A condenação
Sexta – A crucifixão
Nona – A morte
Vésperas – A descida da cruz
Completas – O sepultamento

No século XV, o século que conheceu a grande cintilação da devoção a Nossa Senhora dasSete Dores, foi que surgiram os mais tocantes testemunhos daquela devoção nas artes. E os artistas, sempre a procura deepisódios que mais tocassem a sensibilidade dos cristãos, acabaram por trazer, com predileção, o que deveria ser o
mais doloroso da vida de nossa Mãe Bendita – o momento, pungente em que, desligado da Cruz, o Salvador, inerte, pousara sobre os puros joelhos da Senhora.

Rememorando com piedade os sofrimentos que por nossa salvação padeceu a Virgem Maria, recebemos de Deus grandes graças e benefícios. E cumprimos um preceito do Espírito Santo:  “Não te esqueças dos gemidos de tua mãe”(Eclo 7, 29).