Mamma Margherita e São João Bosco criança

No hall de um edifício, enquanto esperava um amigo buscar algo que esquecera em seu apartamento, meu olhar caiu sobre uma câmera de segurança. Logo ao lado, outra. E mais outra. Olhei ao redor e havia nada menos que dez câmeras de vigilância.

Comentei isso com o amigo quando voltou. Ele acrescentou:

— Você precisava ver o estacionamento, o playgrond, o salão festas, os elevadores, o hall de cada andar, nas escadas… E apesar disso, nesta semana aconteceu o oitavo assalto aos apartamentos em pleno dia, só neste mês.

No curto trajeto de carro a seguir, sem procurar com muito cuidado, percebi que várias câmeras vigiavam esquinas, semáforos, estacionamentos, estabelecimentos comerciais, etc. Até um vendedor de “hot-dog”, em sua velha kombi tinha a sua câmera.

Nunca tive propensão para ser ator de cinema, mas creio que minha imagem e a do carro ficaram registradas em algumas dezenas de vídeos. É de causar inveja aos atores de Hollywood…

Já em casa, pus-me a pensar sobre o assunto.

Lembrei-me do que lera a poucos dias, na vida de São João Bosco, em trecho escrito por ele mesmo: Sua venerável mãe — mamma Margherita — ao ausentar-se da casa disse-lhe algo que o grande Santo guardou para a vida toda:

— Joãozinho, vou sair, mas lembre-se, você não está só, #Deus lhe vê todo o tempo. Cuide de fazer as coisas lembrando disso: Deus está me vendo!

Veio-me também à mente o que um senhor da geração de meus pais contava. Na sua juventude, não havia nenhuma “câmera de segurança” e as pessoas comportavam-se melhor — bem melhor! — do que hoje.

A razão? As pessoas tinham presente, de modo talvez subconsciente, que Deus existe, que seus Mandamentos são feitos para nos ajudar, pois decorrem da própria natureza das coisas.

Sim, da natureza das coisas: imagine, caro internauta, que fosse livre roubar, mentir ou matar. Mentir por exemplo: como poderíamos ter certeza de que o que alguém nos diz é verdadeiro? Ou que, de repente, um estranho leva-me o relógio ou o celular com toda naturalidade, porque isso seria permitido. E a vida? Como poderia ter certeza de que não seria alvejado por um grupo de pessoas que está a treinar tiro ao alvo? E que tudo isso fosse normal… A sociedade sobreviveria mais que algumas semanas?

Esses princípios de conduta — os dez Mandamentos — que Deus misericordiosamente nos dá, são como um “manual de instruções”, como esses que acompanham qualquer aparelhinho que se compre: “não ligue em tal voltagem”, “para fazer tal coisa, aperte tais teclas simultaneamente”, “não deixe exposto à luz direta do sol”, etc. E quem melhor para fazer o manual do que o fabricante?

Em nosso caso, seres racionais criados por Deus, quem melhor que Ele para nos dar o “manual” — os dez Mandamentos?

Mais que as misericordiosas “instruções” que Deus nos dá, sabemos que Ele está presente em toda parte e conhece tudo.

Quando se tinha isso presente, as “câmeras de segurança” eram inúteis, pois como dizia Mamma Marguerita: “Deus lhe vê”.

 

Ilustrações: Arautos do Evangelho, www.donbosco-torino.it, Freepickcom