Ocorreu nestes dias a comemoração de São Cristovão, o padroeiro dos motoristas. O que diz a legenda sobre ele?

O que é Legenda?

É algo entre a lenda e a História. Trazem elas algo de História misturado com o que a imaginação popular lhe acrescentou.

“Não é a verdade, então” — diria alguém.

Um grande pensador católico, estudioso da História definiu a legenda como a verdade acrescida daquilo que as almas gostariam que houvesse a mais.

É típico disto a legenda sobre São Cristóvão.

A legenda de São Cristóvão

Em terras da Asia Menor vivia u homem de grande estatura e… de uma ambição maior do esta.

Sendo pobre procurava o maior potentado da terra para servi-lo. Teria assim algo de grande, pensava.

Peregrinou por vários reinos, serviu diversos monarcas e encontrou um que lhe pareceu não haver maior. Era este, porém, o próprio demônio disfarçado.

Certo dia, caminhando com este “senhor” depararam-se com um Crucifixo no alto de uma ermida. Diante do símbolo de Cristo, o demônio fugiu, explicando não possuir qualquer poder contra o Crucificado.

Cristóvão se converteu, pois Deus Filho na Cruz demonstrou Seu supremo poder ao vencer o demônio.

Um ermitão explicou-lhe que Nosso Senhor era absolutamente o oposto do demônio, apreciando os homens pela bondade para com o próximo, não pela grandeza.

Fixou-se à beira de um caudaloso rio, e, para fazer bem ao próximo, propunha-se levar aos ombros os que quisessem atravessar de uma margem a outra utilizando para isso sua força descomunal.

Uma noite, um belo menino solicitou os préstimos do gigante. Cristóvão tomou-o nos ombros e iniciou a travessia da corrente.

À medida que avançava pelas águas, mais aquela tenra criança lhe pesava. Que significava aquilo?

Dir-se-ia que levava aos ombros o peso do mundo! O gigante, arfando, apoiado ao bordão depois de muito esforço, conseguiu atingir a margem.

Limpando o suor, arfando exclamou ao menino, já em terra firme:

– O mundo não é mais pesado do que tu!

E o menino, sorrindo-lhe muito docemente, retrucou:

– Tu levaste sobre os ombros, mais do que o mundo todo – levaste o seu Criador! Eu sou Jesus, a Quem tu serves!

Vem daí o seu nome: Cristo + forus = Portador de Cristo.

Mais tarde, por amor àquele Jesus que teve a sublime ventura de transportar às costas, foi martirizado.

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Obras consultadas:

Jacques de Voragine, “A legenda áurea”, Ed. Companhia das Letras, São Paulo, 2003

Padre Rohrbacher, “Vida dos Santos”, Editora das Américas, São Paulo, 1959, Volume XIII, pp. 341-343)