As atividades na casa dos Arautos em Juiz de Fora são muito variadas. Num fim de semana são projeções de vídeos educativos, noutro são jogos que exigem agilidade, mas sobretudo raciocínio, noutro é uma peça de teatro.

Numa destas peças aprendemos uma grande lição.

Em pleno inverno, num país muito frio, José procurava algo pelas ruas. Tinha 6 anos apenas. Não sabia escrever, mas queria enviar uma carta.

Informaram-lhe que ali perto, um velho soldado ganhava a vida escrevendo o que lhe pediam numa máquina, mais velha ainda que ele.

José entrou e pediu:

— Olá senhor, podia escrever uma carta?

— Olá rapaz, posso sim. Custa apenas cinquenta centavos.

— Desculpe, então. Não tenho nenhum dinheiro. — e foi saindo. O velho, admirado com a simplicidade do menino, chamou-o.

— Seu pai…

— Eu não tenho pai. Ele morreu quando eu era pequeno.

— E sua mamãe. Ela não tem cinquenta centavos?

— Era sobre ela que eu queria a carta…

— Bem… É só uma folha de papel… Não vai me fazer falta.

Colocou uma folha na máquina e escreveu o local e data.

— Então meu pequeno, para quem é a carta?

— É… para Nossa Senhora…

— Você está brincando comigo… Pensei que fosse coisa séria. Fora daqui!

José calmamente ia saindo, mas o velho, tocado pela simplicidade e menino, perguntou com certa curiosidade e simpatia:

— Mas… o que você queria dizer a Nossa Senhora.

— Que mamãe esta dormindo desde ontem à tarde e não consigo acordá-la. E está fria. Onde moro é muito frio… Quero pedir a Nossa Senhora para acordar mamãe. Estou com fome… Ela sempre me dá comida. Mas está dormindo…

O velho compreendeu tudo.

— Meu pequeno — disse já emocionado — sua carta já está pronta e despachada.

E pensava:

Eu também tive mãe e ela me ensinou a ser bom. Era uma santa mulher. Fique tranquila, mãe. Esse menino me fez lembrar todo carinho que a senhora tinha por mim e me ensinou a pedir ajuda a Nossa Senhora nas dificuldades. É o que está fazendo este pequeno.

Que curioso… A candura deste menino pedindo assim, com toda confiança a ajuda de Nossa Senhora fez-me lembrar as vezes que a senhora estava longe e eu pedia a Nossa Senhora. Ela sempre ajudava. Agora ela fez duas coisas: conseguiu um pai para ele, e relembrou que devo sempre pedir o que preciso a Nossa Senhora.

— Vamos, meu menino. Sua carta não escrita conseguiu o que você queria e fez renascer em mim a confiança em Nossa Senhora.