O afã das informações, o assédio e imposição das modas nos costumes e comportamentos, os mil passatempos da atualidade como televisão, filmes, games, redes sociais, etc., nos tolhem algo tão precioso e raro sem que percebamos: o tempo.

Feito pelo Criador para os seres humanos glorificarem a Deus, muitas vezes o tempo é desprezado ou mal utilizado. Por isso vamos refletir no poema de um franciscano luso do séc. XVII, Frei Antônio das Chagas.

Alguém pode excogitar ser esse tipo de pensamento característico de religiosos voltados para a vida post mortem. Não é verdade, pois veremos também no próximo artigo que o zelo pela criatura Tempo já existe há muito tempo…

 

 

“Deus pede estrita conta do meu tempo/
E eu vou, do meu tempo, dar-Lhe conta./
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta./
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?/

Para dar minha conta feita a tempo, /
O tempo me foi dado, e não fiz conta; /
Não quis, sobrando tempo, fazer conta./
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo./

Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta, /
Não gasteis vosso tempo em passatempo./
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta! /

Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo, /
Quando o tempo chegar, de prestar conta /
Chorarão, como eu, o não ter tempo…”