Já dizia Rousseau, “só se é curioso na proporção de quanto se é instruído”. Pois bem, quantas irreligiões surgem a cada dia por falta de instrução ou até por uma má curiosidade… Vamos então dar continuidade a nossa santa história!

Nesse momento, a Santíssima Virgem, acompanhada de três princesas do Céu, apareceu-lhe e disse: “Sabes tu, meu querido Domingos, de que arma se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?” Ó Senhora! respondeu ele, Vós o sabeis melhor que eu que de

pois de vosso Filho, Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa Salvação. Ela acrescentou: “Sabei que a peça principal desta oração foi a saudação angélica, que é fundamento do Novo Testamento; e portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu saltério”.

O Santo levantou-se muito consolado e abrasado de zelo pela salvação das almas, entrou na Catedral; no mesmo instante os sinos repicaram, pela ação dos anjos, para reunir os habitantes, e ao começar a pregação desatou-se uma espantosa tormenta; a terra tremeu, o sol se escondeu, os fortes trovões se repetiam e relâmpagos fizeram estremecer e empalidecer os ouvintes; e aumentou ainda o seu terror ao ver uma imagem da Santíssima Virgem exposta em lugar bem eminente na catedral, levantar os braços três vezes ao Céu para pedir a Deus vingança contra eles se não se convertessem e recorressem à proteção da Santa Mãe de Deus.

O Céu queria por meio destes prodígios aumentar a nova devoção do santo Rosário e fazê-la mais notória. A tormenta cessou por fim, pelas orações de São Domingos. Continuou ele seu discurso e explicou com tanto fervor e entusiasmo a excelência do Rosário, que os habitantes de Toulouse o abraçaram quase todos, renunciando a seus erros vendo-se em pouco tempo uma grande mudança na vida e nos costumes da cidade.

Um sermão sobre o Rosário recebido por São Domingos das próprias mãos de Nossa Senhora

Esta milagrosa instituição do Santo Rosário, que guarda certa semelhança com a maneira pela qual Deus promulgou sua lei sobre o Monte Sinai, manifesta evidentemente a excelência desta divina prática.

São Domingos, inspirado pelo Espírito Santo, pregou todo o resto de sua vida o Santo Rosário, com o exemplo e a palavra, nas cidades e nos campos, ante os grandes e os pequenos, ante os sábios e ignorantes, ante católicos e hereges. O santo Rosário que ele todos os dias, era sua preparação para pregar e sua ação de graças depois de ter pregado.

Quando o Santo, no dia de São João Evangelista, na Catedral de Notre Dame de Paris, estava rezando o Santo Rosário numa capela, atrás do altar-mor, para preparar-se para a pregação, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e lhe disse:

“Domingos, ainda que o que tens preparado para a pregação seja bom, eis aqui, não obstante, um sermão muito melhor que Eu te trago”. São Domingos recebe de Suas mãos o livro onde estava o sermão, o lê, o saboreia, o compreende, dá graças por ele à Santíssima Virgem.

Chega a hora do sermão, se afervora e depois de não ter dito nada em louvor de São João Evangelista outra coisa senão que havia merecido ser guardião da Rainha do Céu, disse a toda assistência de grandes e doutores que tinham ido ouvi-lo, e que estavam habituados a discursos floridos, que não lhes falaria com palavras da sabedoria humana, mas com a simplicidade e a força do Espírito Santo.

E, efetivamente, lhes pregou o santo Rosário, explicando-lhes palavra por palavra, como a crianças, a saudação angélica, servindo-se de comparações muito simples que havia lido no papel que lhe dera a Santíssima Virgem.

“Porque Me crucificas tu de novo? ..” (continua no próximo artigo)