Por Pe. Aumir Scomparin, EP

Em nossos dias, tão incertos e arriscados, as pessoas tendem a se isolar em suas casas, relacionando-se cada vez menos com parentes ou vizinhos. Embora estejamos cercados de pessoas, quase todo mundo vive numa triste solidão… E tal situação torna-se especialmente dolorosa quando se é acometido por alguma moléstia, em muitos casos requerendo internação hospitalar demorada. Carece o doente, nessa emergência, de um pouco de alento, de uma palavra amiga. Praticar a caridade efetiva e afetiva em relação a esses irmãos, nessas condições, é obra decerto muito necessária e meritória.

Apostolado nos hospitais

Visita hospital 1Os Arautos do Evangelho já incorporaram tal prática em sua vida de apostolado. Em diversas cidades, sua presença em hospitais e casas de saúde, portando a imagem do Imaculado Coração de Maria ou a imagem do Menino Jesus, se tornou habitual. Para os sacerdotes da associação, levar os Sacramentos às pessoas que sofrem, faz parte de seu labor pastoral.

Muito numerosos são os pedidos feitos aos padres arautos para ministrarem a Unção dos Enfermos, e eles se desdobram para atendê-los da melhor maneira possível. Em Juiz de Fora existe um conjunto de cooperadores dos Arautos que semanalmente também visitam variados hospitais da cidade. Em contrapartida, tanto os sacerdotes como as famílias evangelizadoras, têm oportunidade de atestar  como as graças relacionadas a esse Sacramento são impressionantes. Dois casos recentes ilustram essa realidade.

Seu último olhar foi para Nossa Senhora

Uma senhora hospitalizada, em estado grave, desejava a presença de um sacerdote antes de se submeter a delicada cirurgia. Uma amiga que foi visitá-la prontificou-se a ajudar, pensando em chamar os Arautos do Evangelho. Contudo, quando foi procurar o telefone deles na sua agenda, só encontrou um número antigo, já desativado.

Porém, descobriu o número de um celular que pensava ser de um arauto. Ligou para se certificar e — que alegria! — era mesmo. Apesar de estar em missão numa cidade do interior do Paraná, se dispôs prontamente a ajudá-la. Telefonou de imediato a um sacerdote arauto em São Paulo, passando-lhe as necessárias informações. Era uma sexta-feira à noite.

No dia seguinte, o padre ligou para a enferma e combinou o encontro. Por uma série de complicações derivadas de seu ministério, não pôde cumprir o horário marcado. Pensando já ser tarde, telefonou-lhe para se desculpar e perguntar se ainda queria ser visitada, apesar do avançado da hora. Da parte da enferma, ouviu uma voz fraca, mas calma: “Não vou sair do hospital. Pode vir a qualquer hora do dia ou da noite”.

O sacerdote pensou ser isso um sinal de Deus, e disse: “Então, daqui a meia hora estou chegando aí. Está bem?” — e dirigiu-se a toda pressa ao hospital. Quando ele entrou no quarto, a senhora, com um sorriso, disse-lhe que conhecia os Arautos, e era até mesmo uma colaboradora assídua deles. Mas indagou: “Onde está a imagem de Nossa Senhora? Eu gostaria de vê-la mais uma vez”.

O sacerdote prontificou-se a levá-la no dia seguinte. Depois de conversar um pouco, ela pediu para confessar-se e receber a Unção dos Enfermos.

Em seguida, reconfortada pela ação eficaz dos Sacramentos, disse: “Vou fazer uma cirurgia delicada na próxima segunda-feira. Seria possível, quando o senhor trouxer a imagem de Nossa Senhora, trazer também a Eucaristia? Eu me sinto diferente quando comungo”.

E assim foi feito.

Depois da cirurgia, a senhora não acordou mais. Ficou três dias na UTI e faleceu. Seu último olhar foi para Nossa Senhora, consoladora dos aflitos. E seu último alimento, o “Pão descido do Céu”…

Uma alegria tomou conta dela

Um segundo caso revela também a inesgotável misericórdia divina.

Pediram a um sacerdote arauto que atendesse uma pessoa, em um hospital de São Paulo, até o meio-dia, pois ela iria para a mesa de cirurgia às 14h.

Às 11h a enferma recebeu a Unção dos Enfermos. Era já de certa idade e bem simples. Agradeceu muito a visita e o sacerdote se retirou. Parecia nada haver de extraordinário.

Passada uma semana, a filha dessa senhora telefonou ao sacerdote contando o ocorrido:

“Padre, eu estou telefonando para pedir perdão. Minha mãe estava muito mal, tinha que ser operada de qualquer maneira e logo, mas ela não queria. Quando alguém lhe dizia que precisava ser internada, passar pela cirurgia, ela ficava nervosa.

“Mas era inevitável. Comecei então a procurar nos armários todos os exames e documentos para levá- la ao hospital, verificava uma e outra pasta, e sempre no meio dos papéis me caía nas mãos uma foto da imagem de Nossa Senhora. E eu jogava longe a foto, cheguei até a chutar uma delas…

“Mas de repente eu percebi que era um recado de Nossa Senhora, e resolvi chamar um sacerdote para atender a minha mãe. Mas não foi fácil! Tive de brigar com toda a família, pois eles afirmavam que, se eu fizesse isso, a minha mãe ia morrer. Mesmo assim enfrentei todo mundo e telefonei ao senhor…

“Mas eu gostaria de contar também que, logo depois de o senhor ter  dado à minha mãe a Unção dos Enfermos, ela, que antes expulsava os enfermeiros do quarto, ficava nervosa e não queria ser operada, mudou completamente de atitude. Uma alegria tomou conta dela, começou a rezar e estimulava os outros a rezarem junto com ela e, para surpresa geral, pediu para ser operada logo.

“Ela precisaria ter ficado no hospital quinze dias, em convalescença, mas só uma semana foi o suficiente. E já está em casa! Agora ela só fala de Nossa Senhora. A todas as pessoas que perguntam como foi a operação, ela fala da alegria que sentiu em seu coração quando recebeu a Unção dos Enfermos e agradece a Nossa Senhora”.

Visita hospital 2Esta é a força apaziguadora, robustecedora e, especialmente, santificadora da Unção dos Enfermos, um maravilhoso Sacramento que Jesus, na sua infinita bondade, dispôs para nos ajudar nessas horas tão especiais. Por meio dele, são maravilhas da graça que se realizam todos os dias, para nos fortalecer na fé e confiança na misericórdia divina.