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Como se construíram as catedrais? Para melhor responder a essa questão, deve-se ter presente que a Idade Média caracterizou-se pela influência da Igreja em todo o corpo social e pela docilidade dos medievais à graça de Deus.

Somente tendo em conta o fator religioso se pode compreender a construção das catedrais medievais, cada uma das quais, como veremos, não foi obra de um governante, um bispo, uma empresa construtora. Não! Foi obra de todo o corpo social, com características nunca vistas depois.

Essas catedrais tinham proporções enormes, às vezes sem relação com o tamanho da cidade ou povoado onde se edificavam, como a de Chartres, a de Burgos, a de Ely, etc.

Em muitos casos, o que levou à construção dessas enormes e maravilhosas igrejas foi a convicção de que para Deus, para o culto divino, deve-se dar o que há de mais belo, mais esplendoroso.

ESSES HOMENS CONSTRUÍAM PENSANDO EM DEUS

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Sem dúvida, foi o clero a força propulsora dessas imensas obras. Os monges, sobretudo, estavam à testa desse movimento que levou a civilização a um auge até então nunca visto.

O medieval construía pensando em Deus, cogitando na eternidade, e por isso sua arte era de uma beleza sem igual. Os construtores não tinham em vista o prestígio que seu trabalho lhes daria nem a quantidade de dinheiro que ganhariam com suas obras.

Os bispos da época, como autênticos pastores do povo de Deus, souberam interpretar essa aspiração à beleza e à perfeição que se manifestava de um modo sempre crescente. Era, pois, natural que quisessem embelezar e ampliar quanto possível a Casa do Senhor.

TRABALHO VOLUNTÁRIO, MOVIDO PELA FÉ E PELO FERVOR

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Em Paris, em Ávila, em Colônia, em York ou qualquer outra cidade, todo o povo participava desses prodigiosos empreendimentos. Muitíssimos trabalhavam na obra com suas próprias mãos, outros ofereciam recursos financeiros, outros ainda davam o valioso contributo das orações; todos colaboravam com entusiasmo. Pode-se, inclusive, perguntar como algumas cidades relativamente modestas— de umas dezenas de milhares de habitantes — podiam sustentar o esforço necessário para financiar os serviços, alimentar e alojar os trabalhadores, etc.

Ademais, os construtores das catedrais tinham a convicção de estarem edificando “para Deus”, amavam o belo e o grandioso, e exerciam com gosto o seu ofício. Não se admira, pois, que cada detalhe da catedral fosse uma obra de arte.

Ao transpor os santos umbrais de qualquer uma das grandiosas catedrais góticas, sente grande paz, e algo mais de especial. É como se aquelas benditas pedras e vitrais lhe falassem no fundo da alma, numa linguagem muda, recordando-lhe as verdades eternas, transmitindo-lhe a apetência das coisas celestes e o desejo de agradar a Deus.

É para isso mesmo que elas foram construídas.

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(Adaptado de “A catedral medieval, obra de todo o povo cristão”, do Pe. Juan Carlos Casté, publicada na revista “Arautos do Evangelho” nº 52, de abril de 2006, p. 38-41.Para acessar a revista Arautos do Evangelho do corrente mês clique aqui )

Ilustrações: Arautos do Evangelho, Gustavo Krajl, wiki. wpress