Vários dos que leem estas linhas já ouviram muitas vezes dizer-se que todo católico deve ser a luz do mundo: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 14a). Mas temos razões para crer que poucos ouviram uma explicação simples, clara e objetiva do que é ser a luz do mundo. Ora, é precisamente essa explicação que nos oferece o Mons. João Clá Dias, EP, fundador e Superior dos Arautos do Evangelho, e que transcrevemos a seguir.

Vale a pena ressaltar que o trecho foi tirado de sua obra “O inédito dos Evangelhos”, publicada em 2013 pela Libreria Editrice Vaticana, a editora da Santa Sé (1).

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A luz do bom exemplo

Mons João Scognamiglio Clá Dias, EP

Confiando-nos a missão de sermos “a luz do mundo”, Jesus nos convida exatamente a participar de sua própria missão, a mesma que fora proclamada pelo velho Simeão no Templo, quando, tomando o Menino Deus nos braços, profetizou que Ele seria “luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32).

Nosso Senhor veio trazer a luz da Boa-nova e do modelo de vida santa. A doutrina ilumina e indica o caminho, enquanto o exemplo edificante move a vontade a percorrê-lo.

Neste mundo imerso no caos e nas trevas, pela ignorância ou pelo desprezo dos princípios morais, os discípulos de Jesus devem, com o auxílio da graça e o bom exemplo, iluminar e orientar as pessoas, ajudando-as a reavivar a distinção entre o bem e o mal, a verdade e o erro, o belo e o feio, apontando o fim último da humanidade: a glória de Deus e a salvação das almas, que acarretará o gozo da visão beatífica.

Para que isso se concretize, a condição é sermos desprendidos e admirativos de tudo o que no universo é reflexo das perfeições divinas, de modo a sempre procurarmos ver o Criador nas criaturas. Assim, nossas cogitações e nossas vias terão um brilho proveniente da graça.

Expressiva figura dessa realidade espiritual nos é proporcionada pela lâmpada elétrica incandescente. O tungstênio é, em si, um elemento vil e de escassa utilidade. No entanto, perpassado pela corrente elétrica e em uma atmosfera na qual o ar foi substituído, ele ilumina como nenhum outro metal.

A eletricidade representa a graça divina, enquanto a debilidade do tungstênio bem simboliza o nosso nada. A necessidade de certo vácuo para a incandescência do filamento ressalta ainda mais como, para refletirmos a luz sobrenatural, precisamos reconhecer com alegria o nosso vazio, o nosso pouco mérito, as nossas limitações e faltas, e não opor nenhuma resistência à ação de Deus. Deste modo, como filamentos de tungstênio ligados à corrente da graça, poderemos ser transmissores da verdadeira luz para o mundo.

Nada no agir humano é neutro, e tudo o que fazemos repercute no universo em benefício ou prejuízo das demais criaturas.

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(1) Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, “O inédito sobre os Evangelhos”, Libreria Editrice Vaticana, 2013, vol. II, p. 61-62.