Este fato passou-se três séculos atrás, mas a lição que contém vale para todos os tempos.
Certo homem, bastante culto, fora encarregado da educação de um pequeno príncipe de aproximadamente sete anos. Esmerava-se em proporcionar ao pequeno a melhor formação possível e, sempre que podia, usava dos acontecimentos cotidianos para deles tirar uma lição.
A família do pequeno príncipe deu uma festa no seu palácio e para ela convidou o professor.
Em certo momento da festa, professor e aluno encontraram-se numa sala brilhantemente iluminada e começaram a conversar. Depois de algum tempo de animada conversa o professor tirou do bolso um relógio para ver as horas. Era um lindo relógio, com uma tampa dourada, mostrador de madrepérola, números marcados por pedras preciosas, etc. Além das horas, dava a fase da lua, a altura das marés, etc.
O principezinho pôs-se na ponta dos pés tentando ver o relógio, o professor vendo o seu interesse, deu-lhe para que o visse melhor. Abriu a parte posterior do relógio onde se via o complexo mecanismo de engrenagens movendo-se.
– E ele dá as horas certas? – perguntou o príncipe.
E fez inúmeras perguntas, ficando sobretudo maravilhado com a beleza do estojo, o faiscar da madrepérola, das pedras preciosas, etc.
– O mais interessante deste relógio, alteza, é que ele não foi feito por ninguém.
– O pequeno com um ar de espanto e incredulidade comentou sorrindo:
– Não pode ser! Ele foi feito por alguém.
O esperto professor, tentava convencê-lo: o relógio fora encontrado em pleno deserto de Saara, fora encontrado por uma caravana de beduínos que vinha para o Marrocos. Ali seu irmão o comprara. Era certo: o relógio não fora feito por ninguém- insistia o mestre.
– Impossível! Alguém deve ter feito as peças e ordenado-as. Se fosse fruto do acaso, como poderia dar as horas certas?
O professor convidou o pequeno a ir até a sacada próxima, mostrou-lhe o céu estrelado e perguntou:
– Será, Alteza, que também este imenso relógio que é o universo, com tanta harmonia, tanta beleza, não foi feito por Alguém? Seria ele fruto do acaso?
Gostei muito do “menino e o relogio”. Valeu. Marcello