Por Ir. Rita de Kássia C. D. da Silva, EP
Quem neste mundo não gostaria de ter um amigo que estivesse diariamente ao seu lado, pronto para atendê-lo a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer situação, mesmo nos perigos e, concomitantemente, o alegrasse, fortalecesse e estimulasse nas horas de provação e dificuldade?
Com efeito, Deus, em sua infinita bondade e misericórdia para com o gênero humano, destinou para cada pessoa um Anjo da Guarda, que, constantemente, vela por cada um individualmente. Sim, é ele nosso companheiro nesta vida e na eternidade.Entretanto, ele é um “amigo” discreto que, apesar de não se revelar, admoesta, ensina, ajuda, acode e inspira de muitas maneiras: ora, por um sopro, ora por um conselho, ora por algum fenômeno natural. Basta que estejamos atentos a suas inspirações.
Todavia, a nossa vida na terra bem pode ser definida como uma luta, pois viemos a este mundo para enfrentar uma existência tisnada pelo pecado e repleta de dificuldades. Só receberemos o prêmio da bem-aventurança eterna se soubermos corresponder às graças recebidas. Não há como escapar. A prova é posta no caminho de todos os seres inteligentes até mesmo os anjos. Contudo, como passar pela prova sem ser ‘reprovado’? Porque além das concupiscências, há ainda o demônio que constantemente nos atormenta com suas farsas, procurando perder as almas. Como defender-se?
Assim como na grande batalha havida no Céu, São Miguel levantou o brado de guerra – “Quem como Deus?” – e dispersou do Céu a Lúcifer e todos seus sequazes, assim também cada anjo da guarda afugenta satanás e impede que sejamos arrastados. Embora de forma invisível, ele está real e verdadeiramente presente ao nosso lado, sendo o nosso guardião nas horas de tentação ou perigos e aquele que leva as orações ao trono de Deus, como uma trombeta que amplia o som de nossas preces, purifica-as, tornando-as mais belas e agradáveis a Deus.5 Porém, ele é discreto e quer nossa colaboração e atenção à suas inspirações.
Não são raros os casos em que os anjos aparecem para livrar seus protegidos de grandes riscos ou confortar nas aflições. Conta-se que São Policarpo, discípulo de São João Evangelista, viajava para a cidade de Esmirna, da qual era bispo, juntamente com um companheiro. No caminho, foi preciso que parassem numa hospedaria a fim de descansarem da viagem. Entretanto, no silêncio da noite, o bispo é despertado por uma misteriosa voz que dizia que a casa ia desmoronar. São Policarpo, sem titubear, levantou-se rapidamente, acordou seu companheiro que não muito convencido, recusou-se a sair. Nesse momento, apareceu o santo anjo da guarda de São Policarpo ordenando que saíssem imediatamente daquele lugar. Obedeceram, e logo que os dois se encontraram fora, desabou a casa num grande estrondo!
Que tal pensamento contribua para aumentar nossa devoção aos santos anjos, esses gloriosos intercessores celestes, dos quais muitas vezes nos esquecemos, e estejamos convictos de que, em qualquer necessidade e tribulação, ali está ele para interceder por nós e levar-nos ao termo final de nossa missão.
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