Difícil seria conceber uma sociedade bem constituída, desprovida de sacerdotes. Pois, como assinala com proverbial singeleza o Santo Cura d’Ars, “sem o Sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor”.
Acrescenta ele: “Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem há de prepará-la para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote”.
Estas palavras de São João Maria Vianney realçam a importância da vida sacramental para a autêntica vitalidade do Corpo Místico de Cristo, mas também quanto a boa ordenação social depende da dedicação e virtude dos ministros consagrados.
Muito a propósito advertiu Dom Chautard, em seu célebre livro A alma de todo apostolado, que a um sacerdote santo corresponde um povo fervoroso; a um sacerdote fervoroso, um povo piedoso; a um sacerdote piedoso, um povo honesto; e a um sacerdote honesto, um povo ímpio…
O Sacramento da Ordem eleva quem o recebe a uma dignidade régia no meio dos fiéis, não apenas representando Cristo, mas agindo in persona Christi, em diversas oportunidades. Ascende, assim, o sacerdote, ao ser “consagrado na verdade”(Jo 17, 19) pela imposição das mãos do Bispo, a uma dignidade superior à dos anjos, segundo Santo Afonso de Ligório.
A tal elevação deve corresponder um desejo constante de em tudo se configurar com Cristo. E, em consequência, uma respeitabilidade proporcionada a tão alta missão, que se reflete não apenas no comportamento exímio, mas também na adequação da postura, do modo de ser e do traje.
Também nos dias atuais, a vitalidade da Igreja depende em boa medida dessa configuração com Cristo, condição necessária e base de qualquer autêntica renovação.
(Adaptado da revista “Arautos do Evangelho”, nº 125, de maio de 2012, p. 5)
No Comments Yet