É frequente perguntarem a nós, Arautos do Evangelho, qual a origem do Escapulário do Carmo e mais especificamente do que usamos e tanto nos caracteriza. A proximidade da comemoração de Nossa Senhora do Carmo é uma ocasião muito oportuna para tratarmos desse tema tão caro a todos nós.

O artigo do Mons. João Clá Dias, EP, fundador e Superior Geral dos Arautos do Evangelho esclarece o assunto, especialmente a origem do Escapulário. Transcrevemos a seguir o artigo, condensado e adaptado (1).

O MANTO DO CARMO

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Antecipando os monges católicos, uns tantos discípulos de Elias escolheram o alto do Monte Carmelo para, ali, abraçar a contemplação. Assim permaneceram na sucessão das gerações, até a vinda do Senhor. Vários deles se converteram depois de Pentecostes e foram os primeiros a erigir um oratório em louvor a Nossa Senhora.

O Imperador Vespasiano ia frequentemente ao Monte Carmelo à procura de uma confirmação de seu destino e de suas cogitações, e de lá retornava cheio de ânimo, conforme os historiadores Tácito e Suetônio, (2).

Autores de peso discutem entre si, se o oratório lá existente seria de origem pagã ou se, de fato, já se tratava de um santuário dedicado à Santíssima Virgem. Entretanto, inteiramente certa é a enorme antiguidade da Ordem do Carmo.

Monte Carmelo – Terra Santa

Depois de Elias, seu discípulo Eliseu continuou a habitar aquela montanha, rodeado de “filhos dos profetas” (cf. 2Rs 2,25; 4, 25; 4,38, etc.). Conhece-se ali uma “gruta de Elias” e uma caverna chamada de “Escola dos Profetas”.

Mas o primeiro documento da História que chegou até nós, mencionando um grupo de eremitas no Monte Carmelo, é da metade do séc. XII (2). Viviam eles sob a direção de um ex-militar de nome Bertoldo. Em 1154 ou 1155, um parente deste, Aymeric, Patriarca de Antioquia, o orientara no estabelecimento do eremitério. A um monge grego, João Focas, que o visitou em 1185, São Bertoldo contou ter-se retirado com dez discípulos para o Carmelo em virtude de uma aparição de Santo Elias. Essa comunidade recebeu pouco depois, do Patriarca de Jerusalém, Santo Alberto, uma regra, que foi emendada e definitivamente aprovada pelo Papa Inocêncio IV, em 1247. Estava, assim, constituída a Ordem do Carmo.

Origem do Escapulário do Carmo

Em 1251, a Virgem Santíssima apareceu a São Simão Stock, sexto geral da Ordem do Carmo, entregando-lhe um escapulário e prometendo a todos aqueles que o usassem, verem-se livres da condenação eterna. Décadas mais tarde (1322), o Papa João XXII concedeu aos carmelitas o privilégio sabatino, ou seja, todos aqueles que morressem usando o Escapulário seriam libertos do fogo do Purgatório no sábado subsequente ao falecimento.

Papas enaltecem o uso do Escapulário

Em 1951, por ocasião da celebração do 700º aniversário da entrega do Escapulário, o Papa Pio XII disse em carta aos Superiores Gerais das duas Ordens carmelitas: “Porque o Santo Escapulário, que pode ser chamado de Hábito ou Traje de Maria, é um sinal e penhor de proteção da Mãe de Deus”.

Arauto do Evangelho – Hábito
Escapulário do Carmo com a Cruz de Santiago

Exatamente 50 anos depois, o Papa João Paulo II afirmou: “O Escapulário é essencialmente um ‘hábito’. Quem o recebe é agregado ou associado num grau mais ou menos íntimo à Ordem do Carmo, dedicada ao serviço da Virgem para o bem de toda a Igreja. (…) Duas são as verdades evocadas pelo signo do Escapulário: de um lado, a constante proteção da Santíssima Virgem, não só ao longo do caminho da vida, mas também no momento da passagem para a plenitude da glória eterna; de outro, a consciência de que a devoção para com Ela não pode limitar-se a orações e tributos em sua honra em algumas ocasiões, mas deve tornar-se um ‘hábito’.

“Esses dois Pontífices confirmam, assim, manifestações de apreço ao Escapulário feitas por vários de seus antecessores, tais como Bento XIII, Clemente VII, Bento XIV, Leão XIII, São Pio X e Bento XV. Bento XIII estendeu a toda a Igreja a celebração da festa de Nossa Senhora do Carmo, a 16 de julho.

Eis algumas das razões que unem os Arautos do Evangelho à Ordem do Carmo e por isso são revestidos do Escapulário.

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(1) Condensado e adaptado de “O manto do Carmo”, de autoria do Mosn. João Scognamiglio Clá Dias, EP, na revista “Arautos do Evangelho”, nº 55, de julho de 2006, p. 24-25.

(2) Vide www.es.catholic.net/santoral/articulo.php?id=35881

(3) Tácito, II Histor., Cap. 126; Suetônio, Vespasianus, Cap. 5.