Realmente, não há solução. Todos os recursos foram experimentados, e o resultado continua desastroso, desencorajando os que ainda mantinham restos de esperança.

Mas, de quem falamos?

A resposta é simples: trata-se da humanidade.

Ao analisar com objetividade a História, vemo-la como longa sequência de desatinos e fracassos, à maneira de uma estrada péssima, coalhada de obstáculos e catástrofes, cada qual mais terrível e assustadora que a anterior.

Desolados, verificamos que a culpa de tais desgraças recai sobre os próprios viajantes, pois acumularam ao longo do trajeto os destroços de sua imperícia, descuido ou maldade, para servirem de tropeço aos próximos infelizes que, por sua vez, ultrapassam os antecessores nesse campeonato de horror.

Assim chegamos ao século XXI — tão jovem e já tão desvairado —, nascido no mesmo abismo onde o século XX deu o último suspiro.

GRANDE OMISSÃO

À vista disso, dizemos: não tem conserto. No entanto, quem assim pensasse cometeria grave omissão.

Com efeito, se raciocinarmos com critérios exclusivamente humanos, poderemos concluir que a situação é irremediável e o desastre definitivo. Faltam-nos porém dados de valor primordial, cuja amplitude somente a Fé consegue descortinar.

Lembremos que a bondade de Deus não é apenas incomensurável, mas infinita. Ora, na manifestação de tal misericórdia, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade agiu como alguém que sai do âmbito de sua família e lança-se à procura dos infelizes e abandonados, para tornar-Se um com eles e assim elevá-los.

Jesus, “sendo de condição divina”, decidiu “assemelhar-Se aos homens” (cf. Fl 2, 7) e tornou-os “semelhantes a Deus” (I Jo 3, 2). Deus então olhou para a humanidade e encontrou nela traços de sua própria “família”.

PROCLAMAÇÃO DE CONFIANÇA

Será Ele quem estabelecerá limites a essa misericórdia? Não! Ainda que o mundo role por despenhadeiros mais terríveis, tudo terá solução. E nós, na ufania de verdadeiros familiares do Verbo Encarnado, fazemos diante d’Ele nossa proclamação de confiança:

“Ó Sagrado Coração de Jesus, pleno de amor e bondade! Se o mundo atual se encontra mergulhado em tais profundezas, qual será a surpresa que nos prepara vossa clemência? Apressai-Vos em intervir, Senhor! E, por meio de vossa Mãe Santíssima, fazei desse extremo de miséria mero pretexto para a manifestação de novas maravilhas, nas infinitas altitudes de vossa misericórdia!”.

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(Condensado do Editorial da Revista Arautos do Evangelho, nº 150, junho de 2014, p. 5)