Nos próximos dias — Semana Santa — se prestarmos atenção veremos o sacerdote usar várias cores nos paramentos das cerimônias da Paixão e Páscoa. A Santa Igreja em sua sabedoria dá as razões do porque dessa variedade de cores. Essas razões são altamente formativas, e, para isso é bom entender quais essas razões.

Ademais, filhos da Igreja, ajuda-nos a conhecê-la melhor mitas vezes nesses detalhes, nessas “enormes minucias”.

Um lúcido artigo do sacerdote arauto, Pe. Mauro Sérgio Isabel, EP, nos esclarecerá o grande significado que orienta a mudança das cores nos paramentos.

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As vestes e as cores litúrgicas

Pe Mauro Sérgio da Silva Isabel, EP

É natural que cada sociedade ou conjunto humano procure encontrar uma forma de vestir-se que de algum modo o defina e diferencie.

Pensemos, por exemplo, nos trajes típicos das diversas regiões europeias, cuja variedade até hoje nos surpreende. Lembremos também os vestuários de certas profissões, como a toga do magistrado, ou o gorro do cozinheiro, pouco prático que, entretanto, caracteriza perfeitamente quem com ele se cobre.

As roupas têm, pois, uma dimensão simbólica que ultrapassa sua mera utilidade prática. Mais do que cobrir e proteger o corpo, elas revelam a situação, o estilo e a mentalidade de quem as veste.

Assim, o branco do vestido nupcial representa a virgindade da donzela, e a riqueza dos seus adereços visa realçar a importância do compromisso matrimonial, abençoado por Deus com um Sacramento. O saial e o tosco cordão do franciscano lembram seu casamento místico com a “Dama Pobreza”, enquanto o vermelho vivo da batina cardinalícia indica a alta dignidade do membro do Sacro Colégio e evoca seu propósito de, se for necessário, derramar seu próprio sangue pelo Sumo Pontífice.

Os paramentos sacerdotais: “Revestir-se de Cristo”

Este simbolismo que podemos apreciar na vida cotidiana, verifica-se com muito maior intensidade nas vestes litúrgicas, especialmente nas da Celebração Eucarística.

As cores litúrgicas

Os paramentos utilizados pelo sacerdote durante a celebração da Santa Missa pretendem ilustrar o que significa “revestir-se de Cristo”, falar e agir “in persona Christi”.

Tudo na Liturgia da Igreja é rico em simbolismos. Isto se nota também
nas cores dos paramentos sagrados, as quais variam de acordo com o tempo litúrgico e as comemorações de Nosso Senhor, da Virgem Maria ou dos Santos. Basicamente, são quatro as cores litúrgicas: branco, vermelho, verde e roxo.

Além destas, há quatro outras que são opcionais, isto é, podem ser usadas em circunstâncias especiais: dourado, rosa, azul e preto.

O branco simboliza a pureza e é usado nos tempos do Natal e da Páscoa, bem como nas comemorações de Nosso Senhor Jesus Cristo (exceto as da Paixão), da Virgem Maria, dos Anjos e dos Santos não-mártires.

O vermelho, símbolo do fogo da caridade, usa-se nas celebrações da
Paixão do Senhor, no domingo de Pentecostes, nas festas dos Apóstolos e Evangelistas, e nas celebrações dos Santos Mártires.

O verde, sinal de esperança, é usado na maior parte do ano, no período denominado Tempo Comum.

Para os tempos do Advento e da Quaresma, a Igreja reservou o roxo, a cor da penitência. E estabeleceu duas exceções, que correspondem a dois interstícios de alegria em épocas de contrição: no 3º domingo do Advento e no 4º domingo da Quaresma, o celebrante pode trajar paramentos rosa.

Em circunstâncias solenes, pode-se optar pelo dourado em lugar do
branco, do vermelho ou do verde. Em alguns países é permitido utilizar o azul, nas celebrações em honra de Nossa Senhora. E nas Missas pelos fiéis defuntos o celebrante pode escolher entre o roxo e o preto.

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Revestido assim, de acordo com as sábias determinações da Santa Igreja, o sacerdote sobe ao altar para o Sagrado Banquete, tornando claro a todos, e a si mesmo, que está atuando na pessoa de Outro, ou seja, de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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(Remetemos o leitor para o artigo completo, publicado na revista “Arautos do Evangelho”, nº 88, de abril de 2009, pp.48-51)